EXPAND THE BOX

A tua 'Caixa' é a tua construção pessoal da realidade. É assim que tu entendes e interages com o mundo. Podes chamar a isso de 'visão de mundo', 'paradigma', 'sistema de crenças pessoal', "mecanismo psicológico de defesa", "estratégia de sobrevivência", "zona de conforto", 'Ego' ou 'personalidade'. Nós damos o nome de Caixa.

A Caixa é tecida com base em crenças, histórias, suposições, expectativas, razões, opiniões, preferências, atitudes, decisões, regras, conclusões, ideias e modelos. A Caixa responde às perguntas: “Quem sou eu?” “Quem são essas outras pessoas?” e: “O que é que eu estou aqui a fazer num lugar como este com pessoas como estas?” A Caixa dá-te uma identidade, que é uma história acerca de quem tu és e que tu podes contar a ti e aos outros.

Tu não herdaste a tua Caixa dos teus pais (embora possas optar por copiar alguns componentes do teus pais), nem a tua Caixa foi formada como resultado de
incidentes ou circunstâncias (embora possas querer colocar a culpa de como tu és no teu ambiente). Tu fizeste a tua caixa, com um pouco de thoughtware de cada vez.

Como o interior da tua caixa é mais familiar para ti do que a tua sala de estar - alguém poderia mover as coisas na tua sala sem que tu soubesses, mas isso nunca iria acontecer na tua caixa - a tua caixa ficaria indistinta. Tu esqueces-te que a caixa está lá como os peixes esquecem-se da água no aquário deles. Tu vives na 'zona de conforto', essa zona macia e doce no centro da tua caixa, porque as bordas da caixa tendem a ser desconfortáveis. Tu rodeias-te de pessoas de 'Caixa segura', trabalhar num trabalho 'Caixa segura' e encontrar uma parceria amorosa de 'Caixa segura'. Isso faz com que tu vivas na ilusão de que não há Caixa. (que astutas são as próprias defesas da Caixa!)

A única Caixa que é invisível para ti é a tua. Tu consegues ver facilmente a Caixa de todos os outros. Todos os outros também conseguem ver facilmente a tua Caixa. Algumas vezes as Caixas de algumas pessoas são congruentes com a tua Caixa. Tu chamas a essas pessoas de amigos.

Retirado da Experiência S.P.A.R.K nr. 001 (Aplicações Práticas Específicas do Conhecimento Radical)

Esta é uma distinção extremamente difícil de obter experimentalmente. Revelar esta distinção quase que atravessa territórios da filosofia e religião. A sugestão aqui é considerar o que segue como uma descrição técnica. Depois estabelece em ti tarefa de descobrir como usar as ferramentas resultantes. Depois de aplicares os métodos para reinventar a realidade algumas vezes, podes então descobrir as ramificações filosóficas mais tarde, isto é, se ainda quiseres.

O corpo físico parece ser o ponto focal mais óbvio da consciência. Quando eras uma criança tu descobriste que podias fazer o corpo mover e conversar. Se o teu corpo se magoar 'tu' sentes isso. Então faz muito sentido identificares-te com teu corpo.

À medida que tu envelheces alguns anos, constróis a tua Caixa e adquires linguagem, a Caixa diz-te "eu penso", "eu sinto", "eu quero" e tu incluis automaticamente a tua Caixa junto com o teu corpo como a tua identidade. Tu misturas as necessidades do corpo com as necessidades da Caixa e dizes a ti e aos outros: "eu preciso...". Dizer coisas como "eu preciso ..." é na verdade, bastante presunçoso. Por outro lado, é radical questionar a necessidade de ter uma identificação.
 

A distinção "Eu não sou a minha Caixa" também implica "Eu não sou o meu corpo". Estes são os dois primeiros processos iniciais da vida adulta: a desidentificação do corpo e da tua Caixa. Ainda assim muitas pessoas morreram em vez de se desidentificar. Recordemos a Marie Antoinette, que enquanto fugia de França "precisava" de vestidos novos para levar com ela, e cujo fabrico revelou os seus planos secretos levou diretamente à sua morte.

Agora, tu deves estar a perguntar: “Tudo bem. Se eu não sou a minha Caixa, quem sou eu então?" Não vamos considerar esta questão agora. Em vez disso, vamos avançar adquirindo conhecimento radical adicional suficiente para construir algum tipo de alicerce para inquéritos. Através de experimentação prática, tu podes acumular uma base de experiência que torna a pergunta irrelevante. Buscar uma identidade sólida só faz sentido dentro de uma Caixa que está a tentar defender-se da sua expansão.

Retirado da Experiência S.P.A.R.K nr. 002 (Aplicações Práticas Específicas do Conhecimento Radical)